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Tipo de pouso
Autor: Felipe Galvão
16/09/2024

A primeira sessão da semana repercutiu, principalmente, as expectativas para os principais eventos da semana, agendados para a próxima quarta-feira, que são as decisões de juros (e comunicações) dos bancos centrais do Brasil e dos EUA.

Sobre as Fed Funds, os juros americanos, viu-se um aumento significativo nas probabilidades de um corte de 0,5% por parte do Fed já nesta semana. Há uma semana o mercado atribuía apenas 30% de probabilidade. Na sexta-feira, a probabilidade atribuída era de 50% (a mesma probabilidade atribuída à hipótese alternativa, que é de um corte de 0,25%). Hoje, o mercado confere 67% de chance para o corte de 0,5%, o que representaria uma resposta firme do Fed ao risco de recessão. Todos os dados foram coletados da FedWatch Tool. Um eventual corte de meio ponto percentual evidenciaria a disposição da autoridade monetária em lograr êxito no chamado “soft landing”, que significa a reancoragem da inflação à meta sem incorrer em uma recessão econômica. Dos cenários atualmente considerados, a alternativa a esse feito, naturalmente, seria o “hard landing”: consegue-se controlar a inflação, mas com o custo de recessão na economia.

Colocando em perspectiva, segundo Alan Blinder, ex vice-presidente do Fed, somente em meados da década de 1990 o BC americano conseguiu o tal pouso suave. Nas demais ocasiões o pouso foi forçado, duro e teve seus efeitos colaterais.

A importância da decisão do Fed (e dos Bancos Centrais de modo geral), por vezes, pode se camuflar em termos ou números não tão palatáveis. Em todo caso, a dificuldade do feito, ilustrada no parágrafo anterior, é proporcional à sua importância, como se pretende mostrar a seguir.

Hoje, a taxa de desemprego nos EUA está em 4,2% (há um ano estava em 3,8%). Segundo matéria da Bloomberg, ao considerar as recessões dos últimos 50 anos no país, conclui-se que a taxa média de desemprego ficou em 8,6%. Esta média exclui o período recessivo relativo à pandemia, quando a taxa de desemprego chegou a alcançar, no pior momento, 15%. Considerando um evento de “hard landing”, com recessão, e uma taxa média de desemprego de 8,6%, aplicada à força de trabalho atual dos EUA (168,55 milhões, de acordo com o U.S. Bureau of Labor Statistics) resultaria em cerca de 7,5 milhões de pessoas perdendo seus empregos no país – dobrando a quantidade de pessoas desempregadas.

A urgência e importância da decisão a ser conhecida na próxima quarta-feira vem, principalmente, destes efeitos potenciais. Os preços dos ativos, nosso objeto de monitoramento, são reflexos da saúde dos mercados.

Os efeitos da maior probabilidade de um corte em 0,5% nos juros americano foram, como há de se esperar, majoritariamente positivos para os preços dos ativos. Ações subiram (exceção a importantes nomes do setor de tecnologia, em que as perspectivas têm se deteriorado nas últimas semanas), preços dos títulos de renda fixa também performaram bem, assim como as moedas de países emergentes em relação ao dólar – e com o real não foi diferente.

Assim, o índice Bovespa encerrou o pregão em alta de 0,18%​​, a 135.118 pontos​. O ​dólar comercial fechou em queda de 1,03%​, a R$ 5,5100.

Boa noite e até amanhã.

Disclaimer: Todo o conteúdo enviado reflete exclusivamente a nossa opinião e sob nenhuma hipótese representa recomendação de compra ou venda de valores mobiliários.​​

Felipe Galvão, CGA, CFP ®️;